Termina hoje, 31 de dezembro de 2010, o governo do primeiro operário presidente do Brasil. Mas não só isso. Se encerra a primeira experiência da esquerda e do PT no governo do país. A complexidade da configuração econômica e politica do país não permitiu mudanças mais profundas almejadas por uma perspectiva de esquerda mais radicalizada. No entanto, em muito se avançou no caminho para um país mais justo e igual.
O presidente Lula e o PT consiguiram, em oito anos, fazer um governo que primasse pelo desenvolvimento sem romper com o empresariado nem com o capital e, apoiando-se nesse desenvolvimento, levou a cabo a maior experiência de distribuição de renda e de favorecimento real das classes mais pobres do país. 28 milhões de pessoas sairam da miséria nos últimos 8 anos. 31 milhões de brasileiros ascenderam de classe social de 2003 a 2008. A importante politica social, que é a geração de empregos, sobretudo entre os menos favorecidos, foi uma marca do governo Lula com a geração de 15 milhões de novos postos de trabalho (recorde historico). A economia cresceu de maneira sólida e sustentavel chegando ao recorde de 8% de crescimento nesse ultimo ano de governo. Os movimentos sociais e a sociedade civil tiveram mais espaço de dialogo com as dezenas de conferências organizadas no governo Lula.
O acesso à educação superior foi democratizada e levada a jovens menos ricos e ao interior dos Estados. Foi estabelecido o novo piso nacional para professores da educação básica. A área de ciência e tecnologia ganhou novos investimentos e proporcionou, entre outras coisas, a produção do biodiesel e descoberta do pré-sal. As classes C, D e E, após a valorização recorde do salario minimo, tiveram acesso ao consumo e a bens antes so utilizaveis pela classe media alta. A fome foi combatida de maneira inedita com programas como o bolsa familia, elogiado e copiado mundo afora. O apoio à agricultura familiar e ao pequeno produtor foi reforçado e ampliado. O programa Brasil Sorridente democratizou o sempre custoso tratamento dentario. O SAMU deu nova dinamica aos atendimentos de urgencia. A descentralização regional da economia foi perseguida proporcionando a regioes como o Nordeste crescimento histórico. A moradia popular foi oferecida através de credito pela caixa economica com o programa minha casa minha vida que possibilita a realização do sonho da casa própria a milhões de brasileiros das classes mais baixas.
Na política externa o país destacou-se como um país chave na nova configuração do cenario geopolitico internacional. Procurou articular e fortalecer as relações com os paises sul-americanos, rejeitando a possibilidade de agir como imperialista no continente e procurando sempre o diálogo e o fortalecimento da região (prova disso são episodios com o gás boliviano e a recusa de reconhecer Chavez como um ditador). Dinamizou seu mercado externo negociando com países da África e da Ásia antes esquecidos pela diplomacia brasileira. Foi contundente na defesa dos tratados de meio ambiente e de combate a fome nas conferencias internacionais. Não sujeitou-se aos interesses das grandes potências assumindo sua soberania de maneira enfática. Protagonizou o novo paradigma presente hoje, após a crise no mundo, de Estado presente na economia e na regulação do Mercado.
Enfim, encerra-se hoje um governo histórico que representou, sem dúvida, o período de mais ganhos para a população pobre, para o trabalhador, para a juventude e para tantos outros segmentos do país que hoje comemoram um momento sem igual na historia do Brasil. Temos consciencia das contradições e das dificuldades na execução de um projeto de esquerda enfrantadas por Lula e pelo PT. Temos consciencia de que esse governo trouxe novas reflexões e a necessidade de discutirmos a trajetoria do nosso partido e de nosso projeto de esquerda. Mas também temos a certeza de que o país avançou na busca pela distribuição de renda e por uma sociedade com mais oportunidades para todos.
O governo do PT nesses últimos anos, marcou a luta por hegemonia no campo politico e fortaleceu o bloco de esquerda hegemonizado por ele e pelos aliados. Temos consciencias tambem das contradições (evidenciadas na politica de alianças) a que nos leva uma tentativa de buscar hegemonia e aceitar o jogo democratico e a configuração política de um presidencialismo de coalizão. No entanto, acreditamos que, o respeito aos direitos políticos, valor indispensavel para qualquer tipo de democracia, seja ela substancial ou formal, nos obriga a traçar estrategias de disputa pelo poder e implantação de políticas de esquerda dentro de alguns limites, por hora, de dificil transposição.
A partir do dia 1 de janeiro, Dilma, do Partido dos Trabalhadores, assume como a primeira mulher presidente do Brasil. Nossa esperença é a da realização da continuidade e do aprofundamento das conquistas sociais do governo Lula. Esperamos também que o Partido dos Trabalhadores rediscuta e reflita a relação Partido-Estado e que, diferente dos oito anos de Lula, predomine, não a figura e o carisma, mas o discurso partidario, programatico e ideologico das bandeiras que sempre defendemos. O governo Dilma contará com nosso apoio e com nossa disposição para contribuir com um projeto de continuidade nas mudanças que a sociedade brasileira precisa e que o governo do PT, representado por Lula, começou.
Lula fica marcado na histórioa como o maior presidente que o país ja teve. Estamos orgulhosos de, como partido, ter contribuido com essa pagina feliz da biografia de nosso país. Mais que um simbolo da esquerda, Lula é a representação maxima de um povo que, mesmo diante das dificuldades consegue lutar e refazer seu destino. Nesse último dia de seu governo, nós, do PT de Abreu e Lima, do núcleo de Caetés I, lembramos e homenagiamos aquele que fez um governo democrático, no sentido mais significativo da palavra, como nunca antes visto na história desse país!
Viva Lula e os trabalhadores do Brasil! Que venha 2011 com mais lutas e conquistas!